Padre João Mendes Ribeiro tem um rosto, inspirado em sua história por um artista calheirense

O artista João Paulo, desenhou a imagem do padre em 2019, para ilustrar a história em edital do IFF



Nas pesquisas realizadas para a produção do documentário sobre a fascinante história do padre João Mendes Ribeiro, o “Padre Preto de Calheiros”, encontrei publicado no blog do jornal O Norte Fluminense o desenho retratando o vigário do século XIX...

...e a partir da imagem veiculada no informativo, produzi outras imagens e adicionei alguns efeitos para compor a produção que está em andamento, e na fase final, com um resumo da história abaixo.


Em 1867, com a escravidão vigente, Calheiros era uma das vilas mais ricas do Vale do Itabapoana, quando chega seu primeiro vigário, um negro alforriado que causou incompreensão e revolta por parte de alguns poderosos fazendeiros...

...o Padre Preto passou então a ser alvo de insultos e agressões verbais e até físicas, chegando a mudar sua residência para o Pedral, no outro lado do rio, em busca de sossego para descansar e fazer suas orações... 

...mas a perseguição a ele permaneceu implacável, até ser emboscado na margem do rio, na Estrada Velha de Calheiros, onde lhe tomaram os remos da canoa e o empurraram em direção a violenta queda da Cachoeira da Fumaça...

...mas por um fenômeno natural inexplicável ou por obra de Deus, a canoa que seguia o curso da cachoeira, se desviou em direção a um remanso, evitando a morte do vigário, que se manteve sereno e lendo a bíblia enquanto sua embarcação seguia a deriva rumo a queda fatal da Cachoeira da Fumaça.

O padre João Mendes, mesmo com todos os percalços vividos pela intolerância racial, permaneceu com sua missão de sacerdócio, e tempos depois ele recebeu uma visita de um amigo que estava em Portugal, e este, estava infectado pela peste negra, que contaminou o padre e 70% da população de Calheiros, com todos vindo a morrer...

...fato que foi atribuído a uma maldição do padre perseguido pelo racismo, ou a “Praga do Padre Preto”, e a partir de então, durante cento e quarenta anos a comunidade de Calheiros viveu inúmeros retrocessos e perdas, como a crise do café e a morte de Roberto Silveira...

...levando a população local a iniciar um movimento de reparação histórica em desagravo ao padre perseguido, seu túmulo foi reformado e sob autorização de Igreja Católica, uma placa foi fixada na sepultura, indicando que o “padre João Mendes Ribeiro foi o primeiro vigário desta vila, em 1867, e que ele interceda junto a Jesus Cristo pelo povo de Calheiros”.

O segundo e definitivo ato de reparação histórica em desagravo à memória do padre João Mendes Ribeiro, se deu em 2007, com o pároco da Matriz Senhor Bom Jesus ingressando com ação judicial para obter autorização para realizar o traslado dos restos mortais do padre de sua sepultura para o interior da capela de Santo Antônio...

...e assim se consumou o ato definitivo de perdão entre o povo calheirense e o Padre João Mendes Ribeiro, e coincidência ou não, a prosperidade ressurgiu no vilarejo com a chegada de investimentos turísticos como a Pousada Boa Vista, o crescimento da peregrinação de Nossa Senhora Aparecida...

...que, de um evento local passou a ser um dos maiores do estado, e por fim, a implantação de um grande complexo turístico na Fazenda Itaguaçu, local onde abriga a mitológica Cachoeira da Fumaça, onde o padre se salvou por um possível milagre.

O desenho original, do artista calheirense João Paulo, de 2019

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